quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Nossa Infância




Nossa Infância

Incrível como nada ficou no esquecimento,
Definitivamente tudo que foi vivido em minha vida,
Igualmente foi na dele também!
Inesquecível e marcante,
Nossa infância distante que o tempo não apagou
E juntos recordamos...

E ao recordar fomo-nos identificando
Voltando no tempo que ficou pra traz
Tempo que urgiu e não volta mais
Guardião de nossos sonhos coloridos

Época de brincadeiras ingênuas
Como acolher a chuva numa bacia com flores
E bailando senti-la no rosto.
Estender os braços e sentir-se o dono do nada
Reinar em uma locomotiva abandonada
Ouvindo o som do vento e o canto dos pássaros
Na volta pra casa,
Chá de canela quentinho com bolinhos de chuva!
Inesquecível sabor...

Sem explicação tal semelhança de vida!
De nossa infância vivida e
Que distante do outro passamos.
O tempo se foi e aqui estamos,
Eu e você!
Revivendo esta lembrança latente
De um tempo feliz que vivemos,
Nossa bela infância!
Que igual tivemos.

Rô Lopes e Mércio Moura

(Neste primeiro encontro
surgiu o primeiro duo dos poetas,
onde constataram afinidade de alma).


(Antologia Poesia do Brasil,
vol X/2009, pg 351)


Permitido Silêncio





Permitido Silêncio



Foi no silencio profundo
Como o som dos bandolins
que pareciam sussurrar
Diretamente ao coração
- Se aquiete e disperse
O desgosto machuca
Sem que saiba a proporção
Essa tristeza que carrega
Dentro da sua alma conturbada
Não dará linda canção

Eu arfando de surpresa
Meio as rosas
Que aromatizam jardins
Permiti que o silêncio entoasse
Como som dos bandolins

Aprendi que
O silêncio mais sofrido
Sem início sem fim
É o que permiti clamasse
Na essência da minh_alma
Recôndito confim
O silêncio do silêncio
Angustiante em mim

Rô Lopes

Se tu Fores...




Se tu Fores...

Se tu fores de mim
Leve o amor que sinto
Testemunhado pelo vento
Leve o amor somente
Deixe o vento ao vento

Se tu fores de mim
Leve os momentos felizes
Presenciados pela lua
Leve somente os momentos
Deixe a felicidade nua

Se tu fores de mim
Leve tudo que me deu
Testemunhado pelas flores
Leve tudo e deixe o dia
Aberto para possíveis
Novos amores

Se tu fores de mim
Sabe não deixarás nada
Porque indo
Estará levando com
Você a minha
Alma impregnada

Se tu fores de mim
Irei com tudo que deixou
(um vácuo de incerteza)
Espere... eu irei sim
Restará muito pouco
Do que ficou

Mas irei...
(Ermitando) a sós
Se tu fores de mim
Estará indo de nós

Rô Lopes

Céu Sem Estrelas




Céu Sem Estrelas

Entre quatro paredes
Eu... Em silêncio
Olho para o céu
Lajeado...
Sem estrelas...
Sem firmamento
Lágrimas saltitam
Sentimentos reprimidos...
Em rastos antigos

Cada lágrima
Apõe sem direção
Dispersando
Sem se tocarem
Eu chorando até
Pelas minhas lágrimas
Que rolam solitárias
Sem convergir... Sem comoção
E... Ao som das lagrimas
Deixo rolar uníssona
Sem cadência... Lágrimas
Da minha própria solidão

Rô Lopes

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

As Pérolas e a Solidão




As Pérolas e a Solidão

Choveu pérolas
No pranto dos meus olhos
Onde tentou recolher
Com o perfume
Dos teus lábios

Já sem tempo...

Lágrimas desdobradas
Pelas ranhuras da solidão
Que angustiante teima
Em fazer morada
No silêncio da memória

E onde sombras
Concentram-se na penumbra
De flores que não se abriram.

A solidão ficou...
As pérolas... De tão só...
Nas asas do pássaro sem rumo...
Esvaíram!

Rô Lopes

Grande Vazio




Grande Vazio

Sinto em mim um grande vazio...
Altos e baixos de emoção,
Alegria quando penso em você
Dor na distância que separa corações
Por vezes você a preenche,
Outras não.

Situação que me rouba a paz
Leva todas as certezas...
Fico sem chão.
Não sei na verdade quem sou.
Apego-me no que tenho
Neste mundo interno e pequeno
Mas é tanta tristeza, tanta solidão...

Suspiro profundo na esperança de
Amenizar a dor...
Em vão...
Um travo na garganta...
O amor que sinto conhece apenas um caminho
A estrada do seu coração.

O peito fica pequeno pra tanto amor
Que cresce a cada pulsar.
E o sangue nas veias clama
A vontade de te beijar...

Ó distância ingrata
Que me fere... Judia e mata,
Impede o cruzar de nossos olhares
Tocar sua pele... Seus lábios
Sentem a loucura deste amor
Que não se importa em sofrer...
Apenas quer te querer!


Mércio Moura

Divagando Ternura





Divagando Ternura

Elevei meus olhos
Que divagaram pelo infinito
Tentando inspirar de
Uma única vez
Toda ternura das estrelas

Fui tocada por sublime
Brisa com perfume de
Alecrim

E envolta no clarão da lua
Entreguei-me ao momento
Que eternizou em
Minutos sem fim

Tão amada senti...
Que a solidão que
Tanto atormenta
Junto ao pássaro
Do amor que acalenta
Desfrutou deste
Carinho junto a mim

Rô Lopes
(Poeta Mostra Tua Cara/2009, pg. 186)

Violino De Marfim




Violino De Marfim


Minha mãe... O violino de marfim... Meu pai
Meu pai... O violino de marfim... Minha mãe
Somente o violino de marfim!
Saudade mutilada...

Tocava mamãe o violino
E papai de olhos fechados
Coração enternecido
Ouvia os melodiosos acordes
Assim como hoje ainda os sinto!

Notas suaves
Que se desprendem do tempo
Tocam minhas lembranças
E as fazem vibrar
Como as cordas do violino.

Imagem lírica!
Vejo mamãe de pé ao violino
E papai num tosco banco de madeira...
E dali, enciumado, ganhava as vielas.

Meus pais... Violino de marfim... O tempo
Esquecido no tempo o próprio tempo
O canto da sala adorna o violino
No peito chorosa saudade...

Rô Lopes e Mércio Moura
(Antologia Poesia do Brasil - outubro/2009)

sábado, 19 de dezembro de 2009

Prenúncio de Paz




Prenúncio de Paz

Fascina-me brilho de lua
Farfalhar de folhas ao vento
Estrela que seduz alma
E mar o firmamento...

Encanta-me nuvens alvas
Descortinando o sertão
Som de brisa é alvorada
Aplacando coração

Enternece-me perfume de rosas
De toda espécie e cor
Rompendo à tarde morosa
Buscando na noite o amor

Trago olhar de esperança
Lábios em sorriso fugaz
Pressinto o final da guerra
E o prenuncio da paz...

Rô Lopes/Mércio Moura

Fronteiras... Montanhas




Fronteiras... Montanhas


Somos fronteiras do amor
Entre nós o vôo da paixão
Que na sonoridade da brisa
Faz nossos corpos
Se esculpirem num só...
Frenesi de prazer
Eu... Você
Entrega...
Sorver!

Somos montanhas inertes
Entre nós a vastidão do espaço
O soprar da brisa
E o magnetismo do amor
Deixam em nossos corpos
Mesmo à distância
Marcas de prazer...
Entrega...
Tremor...

Rô Lopes e Mércio Moura

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Em Você



Em Você

No subterrâneo da minha dor
Entre lágrimas de pranto
Encontrei um sonho antigo
Oprimido... Desafeiçoado
Num canto... Sem canto
...você

E na marginalidade
Do desencanto
Na tortura do meu pranto
Naquele instante não pude sentir
A candura perfumada
...você

Na obscuridade das curvas
Que meneiam minha alma
Ceifando minhas asas
Em uma garoa de tristeza
Não pude enxergar
... Você

Risos...

Na inclemência do alento
Na expectativa do momento
Entre a brisa e o vento
Tentei vislumbrar
... Você

E nas brumas do meu pranto
Entre encantos e desencantos
Que faz minha esperança viver
Sempre busco encontrar
O sorriso... Os olhos... O amor
... Em você

Rô Lopes e Mércio Moura

(dezembro/2009 - dialógo)

Pecado e Pecador




Pecado e Pecador


...Então me perdoe!
Porque se amar for pecado
Realmente por ti pequei
Clamo perdão porque te amei

Não sei onde está escrito
Nem se existe mesmo esta lei
Mas se existe como diz,
Sou ré confesso...
Perdoe, porque pequei!

Pequei e não fiz nada de mal
Nem senti ter errado
Continuarei por ti pecando
Com coração quebrantado

Você insiste que é pecado
Esta nossa ternura, entrega e amor
Mas... Se amar for pecado
Você também é um pecador


Rô Lopes